Pesquisa Datafolha sugere que abstenção será mais determinante que voto útil
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em ato de campanha em Curitiba — Foto: Denis Ferreira Netto /Agência O Globo
O Datafolha divulgado nesta quinta-feira (22) confirma a tendência de alargamento na dianteira do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o presidente Jair Bolsonaro a partir da consolidação da vantagem petista no núcleo duro de seus redutos eleitorais.
Lula cresceu três pontos percentuais entre mulheres (de 46% para 49%), quatro entre jovens de 16 a 24 anos (de 50% para 54%), dois entre eleitores com nível fundamental (de 54% para 56%) e cinco pontos entre aqueles que ganham até dois salários mínimos (de 52% para 57%).
Já Bolsonaro se manteve estável entre mulheres (passou de 28% para 29%) e eleitores com ensino fundamental (de 27% para 26%), mas perdeu quatro pontos percentuais entre jovens (de 28% para 24%) e três no segmento de eleitores que ganham até dois salários mínimos (passou de 27% para 24%).
Os números sugerem que o avanço de Lula entre as mulheres não se deu às custas da fatia de Bolsonaro, mas entre indecisos. Já entre os mais pobres e jovens, o avanço lulista é acompanhado pelo recuo bolsonarista.
Se Lula avançou no seu núcleo duro, Bolsonaro manteve o seu, mas sem avanço. Entre os evangélicos, o presidente mantém a vantagem, mas avança apenas um ponto percentual (tem 50% hoje) enquanto Lula se manteve com 32%.
Além da estagnação, o problema para o presidente é que segmentos em que Lula tem seus redutos, como mulheres e eleitores de até dois S.M. correspondem a mais da metade daqueles que vão às urnas em 2 de outubro, enquanto os evangélicos correspondem a um quarto do eleitorado.
Bolsonaro se manteve estagnado entre evangélicos apesar do investimento que tem feito neste eleitorado, recurso que lhe restou depois que o Auxílio Brasil de R$ 600 e a redução no preço dos combustíveis não lhe rendeu os votos desejados. O pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, tem sido sua companhia mais frequente nesta reta final de campanha.
Com 50% dos votos válidos, dois pontos percentuais além do registrado na semana passadas, Lula mantém a possibilidade de vencer em primeiro turno, embora dentro da margem de erro, de dois pontos percentuais. Como Ciro Gomes e Simone Tebet têm mantido seus percentuais, a evolução do Datafolha sugere que o movimento de voto útil ainda é tímido, a despeito do investimento lulista nesse sentido.
Com dificuldade para tirar voto de Ciro e Simone, resta a Lula apelar para que o comparecimento eleitoral seja alto. Foram neste rumo suas considerações finais na entrevista ao apresentador Ratinho Jr. no SBT.
O maior nó da campanha lulista na reta final parece ser São Paulo. O candidato petista ao governo, Fernando Haddad, tem 11 pontos percentuais a mais que o segundo colocado, Tarcísio de Freitas, mas sua curva é declinante. Em um mês, perdeu quatro pontos percentuais, enquanto Freitas, que é o candidato bolsonarista só cresce. No mesmo período, cresceu sete pontos percentuais, um ganho que só perde para o do candidato tucano, o governador Rodrigo Garcia, que ganhou oito pontos no período.
O desempenho de Haddad naquele que é o maior colégio eleitoral do país se reflete no estreitamento da vantagem lulista no Sudeste. Era de nove pontos há um mês. Hoje é de cinco.