Prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro foi alvo frequente das rodas de conversa entre os convidados
De todas as autoridades da República, poucas alimentam tantas críticas do presidente Jair Bolsonaro quanto o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Na noite desta quarta-feira, 22, ambos estiveram frente a frente em um jantar em homenagem ao decano da Corte Gilmar Mendes, na residência oficial do Presidência da Câmara dos Deputados, mas publicamente o ex-capitão explorou a rivalidade com o magistrado apenas no campo futebolístico. “O Alexandre é Corinthians e eu sou Palmeiras”, brincou o presidente ao avistar o ministro no evento. Alexandre apenas riu. O Palmeiras lidera o Brasileirão com 28 pontos, seguido de perto pelo time do algoz do presidente, que tem 25. Conforme revelou o Radar, na mesma noite ambos tiveram uma conversa reservada em um dos ambientes da residência oficial.
Apesar da aparente descontração e da recusa de ambos de tocar de público nos espinhosos temas que os colocam em lados opostos, como as investigações sobre fake news e financiamento de milícias digitais, no jantar em homenagem a Mendes um assunto em comum permeou as rodas de conversas de políticos e juízes: a prisão, na mesma manhã, do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro em uma operação da Polícia Federal que investiga corrupção, tráfico de influência e advocacia administrativa no MEC. O ministro da Justiça, Anderson Torres era questionado a todo momento sobre os fatos que levaram o ex-subordinado de Bolsonaro a passar a noite na cadeia. Um elemento específico intrigava os convivas: o depósito de 60.000 reais encontrado na conta do ministro, episódio que, conforme revelou o Radar, está no centro das apurações que alvejaram o ex-chefe da Educação. O presidente, disseram convidados a VEJA, não fez nenhuma defesa pública do pastor presbiteriano e deixou o local pouco antes das 22h30.
Entre os convidados do jantar na casa do presidente da Câmara Arthur Lira (Progressistas-AL) estavam o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o deputados Aécio Neves (PSDB-MG), os ministros Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowski, André Mendonça e Kassio Nunes Marques e o ex-ministro da Defesa e virtual candidato a vice de Bolsonaro Walter Braga Netto.